terça-feira, 16 de outubro de 2012

Estratégia da polícia gaúcha amplia combate ao crime organizado

 

15/10/2012
A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quinta-feira (11), em São Leopoldo, a Operação Sangue Novo. Cinco pessoas foram presas, suspeitas de integrar uma quadrilha que controlava o tráfico de drogas no bairro Rio dos Sinos.
Também foram apreendidas drogas, armas e um automóvel utilizado pelo líder e distribuidor de drogas na região. A investigação durou seis meses e desarticulou uma rede de tráfico que movimentava R$ 30 mil por mês. Esta operação faz parte de uma nova estratégia adotada pelo Governo do Estado no combate ao crime organizado no Rio Grande do Sul: a repressão qualificada.
O método, aplicado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), consiste na desarticulação de grandes redes criminosas, através da elaboração de investigações mais minuciosas e que demandam mais tempo de apuração. Os resultados são quadrilhas desmanteladas e bandidos de grande periculosidade retirados de circulação.
A estratégia de repressão qualificada reflete diretamente nas estatísticas da Polícia Civil e Brigada Militar. O número de latrocínios caiu 17,2% neste ano em relação ao mesmo período de 2011. A BM efetuou mais prisões em 2012 (100.683) em relação a 2011 (90.046) e recuperou 2,6 mil automóveis roubados a mais do que no ano passado. Também foram apreendidas mais armas: 3.643 em 2012 contra 2.931 em 2011.
Conforme o secretário da Segurança Pública, Airton Michels, a repressão qualificada traz mais benefícios à população, uma vez que bandidos mais perigosos são afastados das ruas. "Esse método visa chegar aos maiores responsáveis pelos delitos, prendendo lideranças e desarticulando o crime organizado. Isso é extremamente necessário, já os pequenos criminosos são substituídos na mesma hora em que são detidos nas ruas". Michels também acredita que esse tipo de repressão confere maior eficácia na resolução de crimes e evita a superlotação das prisões com pequenos contraventores.

Desarticulação de quadrilhas Dentro dessa nova ótica de combate ao crime organizado, a polícia gaúcha executou, nos últimos dois anos, uma série de ações voltadas à desarticulação de quadrilhas. Em 1º de outubro, a Operação Classe A resultou em 21 prisões após cinco meses de intensa investigação, acabando com uma organização criminosa envolvida em mais de 150 furtos e roubos de veículos. Já a Operação Caronte, que busca reduzir o número de homicídios no Estado, ainda está em andamento e prendeu 296 pessoas desde o início de junho deste ano.
Foi também através do método da repressão qualificada que o Governo do Estado executou a maior operação da história da polícia gaúcha: a Operação Navalha. Realizada no dia 30 de março deste ano, esta ação envolveu 632 policiais, que, em 155 viaturas, cumpriram 95 mandados de prisão temporária e 124 de busca e apreensão no município de São Borja. Nas primeiras horas do dia, 77 pessoas já haviam sido presas e 13 facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas estavam desarticuladas.
De acordo com a polícia, essas operações apresentam resultados mais efetivos porque atingem a estrutura da rede criminosa como um todo, dificultando seu reaparelhamento. De acordo com o chefe da Polícia Civil no Estado, delegado Ranolfo Vieira Júnior, os esquemas mais investigados são roubos de automóveis, caminhões e cargas, assaltos a bancos, tráfico de drogas e crimes contra a administração pública. "Estes crimes são cometidos por grupos maiores, que se organizam em rede. Eles trabalham com características de empresa privada, com compartimentação e hierarquização das funções".
Essas investigações também resultam em provas produzidas com mais qualidade, utilizadas para subsidiar os inquéritos policiais e garantir, assim, a permanência dos criminosos na cadeia. Ranolfo Vieira Júnior explica, porém, que essas operações demandam mais tempo. "Algumas investigações chegam a durar até dois anos e são conduzidas por um número reduzido de agentes, dedicados exclusivamente ao trabalho de apuração. Ao final do processo, as prisões efetuadas atingem desde o comando da organização até quem atua na ponta do esquema, passando ainda pelos seus colaboradores que, indiretamente, auxiliam o crime".

Central de Inteligência Os especialistas em segurança também ressaltam a importância das parcerias entre a Polícia Civil e o Ministério Público, Polícia Federal, polícias rodoviárias e, sobretudo, com a Brigada Militar (BM). Esta, apesar de desempenhar um policiamento originalmente ostensivo, também auxilia na deflagração das operações.
A BM atua, ainda, com ações planejadas, a partir de informações recebidas por sua Central de Inteligência. Muitas vezes, as informações sobre ações criminosas chegam ao conhecimento das forças de segurança a partir de contatos com a população, por meio destes serviços de inteligência.
Para o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Sérgio Abreu, essas características conferem um papel estratégico à Central de Inteligência. "Ela executa um trabalho complementar, tanto da polícia ostensiva quanto do processo de investigação", ressalta. O comandante também destaca a importância da população neste trabalho. "É ela que nos indica o comportamento criminoso, e é a partir dessa informação que nós direcionamos nossos recursos para combater o crime".

Grandes operações
Além das operações Sangue Novo, Navalha, Classe A e Caronte, outras ações de repressão qualificada foram desenvolvidas em diversos municípios gaúchos desde o ano passado. Essas forças-tarefa mobilizaram diversas equipes da Polícia Civil e Brigada Militar e resultaram em centenas de prisões em todo o Estado
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Algumas delas foram:

Espreita - ação de combate ao tráfico de drogas desencadeada em Alvorada e Porto Alegre, em agosto deste ano. Pelo menos 150 policiais prenderam 25 pessoas, além de grande quantidade de armas, drogas, dinheiro e equipamentos. A investigação durou sete meses.

Babilônia - realizada em setembro, combateu crimes contra a administração pública ao desarticular uma quadrilha responsável pelo desvio de R$ 7 milhões em sete prefeituras do interior do Estado.
Paramount - desarticulou quadrilhas ligadas a ataques a bancos e caixas eletrônicos com uso de explosivos. A ação, desencadeada no dia 11 de setembro, envolveu 100 policiais e foi resultado de seis meses de investigações.

Predadores - desmantelou laboratório de refino de drogas em um sítio em Candelária. No local, foram apreendidos 412 kg de cocaína, a maior apreensão da história dessa droga no Estado, além de crack, oxi e R$ 130 mil em dinheiro.

Tanatos III - ação de combate a homicídios na Região Metropolitana. Investigações são sequência das operações Tanatus I e II, que prenderam 89 pessoas no último semestre.

Game Over - realizada em março, resultou na prisão de 23 criminosos e apreensão de quatro adolescentes envolvidos com o tráfico de drogas em Ijuí. Líder do tráfico na região foi preso com drogas de alto grau de pureza.

Betty Boop - 29 presos no Litoral Norte do Estado. Cerca de 100 policiais cumpriram 34 mandados, 21 de prisão e 13 de busca e apreensão de drogas e armas.

Irmãos Coragem - desarticulou quadrilha que atuava em diversas cidades gaúchas fornecendo drogas para traficantes. Além de drogas, foram apreendidas armas, munição e veículos.

Redenção - ação de combate a homicídios e tráfico de drogas que resultou na prisão de 27 pessoas em Sapucaia do Sul, Canoas e São Leopoldo. Além de drogas, foi apreendida grande quantidade de armas.

Herança - 250 policiais em 80 viaturas desarticularam quadrilha comandada por preso da Pasc. Além dos criminosos presos, foram apreendidos veículos, armas e até um avião agrícola utilizado no tráfico de drogas.

Armagedon - desarticulação de quadrilha ligada ao tráfico de drogas na região Noroeste do Estado. Quinze pessoas foram presas, além de seis veículos, drogas, armas e dinheiro apreendidos.
Texto: Juliano Pilau

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