sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Aeromóvel do Aeroporto deve entrar em operação em junho de 2012

08/12/2011
Dois veículos, um com capacidade para 300 passageiros e outro com 150 lugares, farão a ligação entre a estação do Trensurb e o aeroporto Salgado Filho
Sistema de transporte coletivo ficou restrito a uma linha experimental no Centro de Porto Alegre Foto: Diego Abs - TRENSURB/DIVULGAÇÃO/JC
Demorou alguns anos, mas depois da tentativa de concretizar um transporte revolucionário no Centro de Porto Alegre, o aeromóvel será utilizado na Capital gaúcha para transportar passageiros entre o aeroporto Salgado Filho e a estação da Trensurb mais próxima. De acordo com o diretor-presidente da Trensurb, Humberto Kasper, a operação do veículo movido a vento deverá iniciar até junho de 2012.
O dirigente explica que são várias etapas distintas da obra que estão acontecendo simultaneamente, através de quatro contratos firmados. O principal, com a empresa Aeromóvel Brasil, tem como objeto desenvolver o pacote tecnológico e gerenciar a implantação da totalidade do projeto. A construção do elevado por onde se movimentará o veículo ficou a cargo da construtora Premold, o que inclui a execução das fundações e dos pilares.
Para acelerar o processo, a licitação da obra civil das duas estações de conexão do aeromóvel foi feita separadamente. A companhia vencedora foi a Arcol Engenharia. Os veículos também foram alvo de um acordo próprio e a T’Trans os está fabricando no município de Três Rios, no estado do Rio de Janeiro. A previsão de conclusão desses equipamentos é para abril do próximo ano.
Serão adquiridos dois veículos, possibilitando que um fique de reserva caso ocorra algum problema de operação. Um deles terá capacidade para 300 passageiros, com utilização prevista para os horários de maior movimento, e outro de 150 lugares, que poderá ser aproveitado em momentos de menor demanda. Quando concluído, o aeromóvel deverá percorrer os 952 metros que separam o Salgado Filho e a estação da Trensurb em cerca de 90 segundos.
Sobre o uso dessa solução para fazer a conexão com o Salgado Filho, Kasper argumenta que os aeroportos brasileiros apresentam atualmente uma grande deficiência quanto aos acessos por meios de transporte públicos. “Esse problema foi apontado durante a CPI da crise aérea brasileira e uma das recomendações foi que o governo tratasse desse tema”, lembra o executivo. Ele destaca que já naquela ocasião a alternativa do aeromóvel foi mencionada.
O diretor-presidente da Trensurb ressalta ainda que, com a redução dos preços das passagens aéreas, todas as classes econômicas estão utilizando esse modal atualmente. Com isso, aumenta a perspectiva do número de usuários que poderão optar pela Trensurb para chegar ao aeroporto gaúcho. Kasper salienta que, além de o trem permitir uma ligação com o Centro de Porto Alegre, a expansão vai levar passageiros até Novo Hamburgo. Essa iniciativa prevê, no total, mais 9,3 quilômetros da Linha 1, atingindo o total de 43 quilômetros de extensão. A estimativa é de que com esse empreendimento cerca de 30 mil novos passageiros ao dia sejam agregados à movimentação da Trensurb.
“As pessoas poderão deixar seus automóveis em casa e irem de trem para o aeroporto, até porque o estacionamento do complexo encontra-se com pouco espaço”, projeta Kasper. O executivo acrescenta que o aeromóvel será considerado uma continuação da Trensurb, que será responsável pela sua operação. Ou seja, não será cobrada uma nova tarifa, além da usual do transporte de trem, para quem utilizar o serviço.

Investimento será superior à previsão inicial do projeto

Inicialmente, o investimento estimado para concretizar o sistema de transporte utilizando o aeromóvel até o aeroporto Salgado Filho era de aproximadamente R$ 29 milhões. Contudo, esse valor sofrerá algumas alterações. O diretor-presidente da Trensurb, Humberto Kasper, calcula que o montante deverá chegar, no final da obra, a algo em torno de R$ 33 milhões.
Entre os motivos desse incremento, o executivo revela que, quando a Premold começou a realizar as fundações da estrutura, foi constatado que havia uma adutora enterrada que precisaria ser removida. Esse obstáculo não aparecia nas plantas da prefeitura. Os saldos dos contratos precisam ser reajustados também. Kasper revela ainda que, no ano passado, não houve a liberação de recursos suficientes para alcançar a velocidade esperada da obra. A ideia era gastar R$ 9 milhões, mas só foram liberados R$ 3 milhões.
Essas questões fizeram com que a perspectiva de início de operação do aeromóvel, antes estimado para o começo do próximo ano, passasse para meados de 2012. Os recursos para a concretização do empreendimento serão provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
Apesar dessas dificuldades, Kasper afirma que em breve as obras da estrutura elevada do aeromóvel começarão a se destacar na paisagem próxima ao aeroporto. Ele relata que os 70 pilares que comporão o complexo já foram fabricados e a parte das fundações, onde as estruturas serão encaixadas, também se encontra em fase avançada. Kasper comenta que, conforme um estudo realizado pela Ufrgs, a expectativa é de que cerca de 7 mil passageiros utilizem o sistema do aeromóvel diariamente. No entanto, o dirigente acredita que esse número pode ser ainda maior.

Metrô de Porto Alegre aumentará as possibilidades de utilização do veículo

A construção da linha 1 do metrô de Porto Alegre contribuirá para potencializar a Linha 1 da Trensurb, aumentando a movimentação dos dois sistemas, projeta Humberto Kasper. Essa perspectiva, segundo ele, amplia as oportunidades de aproveitamento do aeromóvel para promover a conexão dos dois meios de transporte.
Uma ação fundamental quando o metrô for finalizado, segundo o dirigente, será a conexão da linha 1 com o terminal intermodal (ônibus e metrô) Cairu. Ele adianta que uma alternativa seria fazer uma derivação da própria linha da Trensurb até o local. “Outra fórmula seria a ligação entre a estação da Trensurb e a Cairu com o aeromóvel”, informa Kasper.
O executivo relata que a Trensurb convidou empresas para desenvolverem projetos que aproveitem a tecnologia do aeromóvel, assim como a de outros sistemas leves sobre trilhos. “Eventualmente, podemos discutir com a prefeitura de Porto Alegre outras utilizações para o aeromóvel”, adianta. Kasper acrescenta que há ideias, uma delas o uso do sistema sobre o arroio Dilúvio, consolidando uma linha ao longo da avenida Ipiranga, que também poderão ser avaliadas.
Outra oportunidade será aberta com a construção da Arena do Grêmio, no bairro Humaitá. Kasper faz a ressalva de que a Fifa recomenda certa distância entre um estádio de futebol e o modo público de transporte. “Isso para que haja o arrefecimento dos ânimos depois da saída do jogo”, explica. Nesse sentido, a estação Anchieta da Trensurb está a uma distância satisfatória em relação ao estádio gremista, a cerca de 1,5 quilômetro.
“Mas haverá vários empreendimentos comerciais associados ao complexo e, para esse público que circulará na região no dia a dia, seria interessante uma ligação entre a estação e o local”, argumenta. Uma possibilidade levantada é que essa conexão possa ser feita pelo aeromóvel durante os dias normais, com o serviço sendo interrompido durante os dias de jogos. Kasper salienta ainda que a Pucrs iniciou estudos para a eventual implantação do sistema aeromóvel dentro do seu campus.
O professor da Faculdade de Engenharia da universidade Edgar Bortolini explica que está prevista a construção de uma linha-laboratório na Pucrs. Ainda não está definido o cronograma do empreendimento, mas o complexo servirá para aprimorar a tecnologia empregada no aeromóvel e envolverá Pucrs, Ufrgs, Finep e Aeromóvel Brasil. Bortolini adianta que um dos focos dos estudos será o aumento da eficiência energética do sistema. Essa meta pode ser alcançada diminuindo o peso do veículo. “Quanto mais leve for o veículo, maior a eficiência energética”, diz.

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