sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O megapoder da NSA (National Security Agency) e o Echelon

A agência de inteligência norte-americana mais conhe­cida é a CIA. No entanto, de acordo com os pesquisadores nessa arca, a mais poderosa é a NSA. Ela possui, hoje, cer­ca de 20 mil funcionários em Fort Meade, seu quartel-ge­neral. São, principalmente, analistas de sistemas, engenhei­ros, físicos, matemáticos, linguistas, oficiais de segurança e administradores de empresas, entre outros especialistas de alto padrão.

A NSA foi criada em 1952 por meio de um decreto se­creto do presidente Harry Truman para cuidar de espionagem e contra-espionagem, dentro e fora dos Estados Unidos. Seu organograma (conhecido publicamente, pela primeira vez, em 18 de dezembro de 1998, graças à lei co­nhecida como Freedom Information Act), demonstra que seus serviços cobrem praticamente todo o universo das tecnologias da informação.

Com base nessa massa crítica, os EUA adiantaram-se no tempo para assegurar sua hegemonia mundial no sé­culo 21. Em novembro de 1997, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea norte-americana fez palestra na Câmara de Representantes, em Washington e afirmou: “No primei­ro trimestre do próximo século, seremos capazes de locali­zar, seguir e mirar — praticamente em tempo real — qual­quer alvo importante em movimento, na superfície da Ter­ra".

Ao refletir sobre o que chama de televigilância global, o filósofo e urbanista francês Paul Virilio afirma que o fenômeno histórico que leva à mundialização exige cada vez mais luz, cada vez mais iluminação. E assim que se desenvolve hoje uma televigilância global que não reco­nhece qualquer premissa ética ou diplomática. 

A atual glo­balização das atividades internacionais torna indispensá­vel uma visão ciclópica ou, mais precisamente, uma visão cyber-ótica... Com essa dominação do ponto de vista orbi­tal, o lançamento de uma infinidade de satélites de obser­vação tende a favorecer a visão globalitária. Para “dirigir” a vida, não mais se trata de observar o que acontece diante de si. A dimensão zenital prevalece, de longe ou mais alto, sobre a horizontal e não se trata de um assunto de pouca importância porque o “ponto de vista de Sirius” apaga toda perspectiva”. (em Le Monde Diplomatique, agosto de 1999, pgs.4e 5).

Echelon 
é o nome pelo qual é mais conhecido um projeto secreto de SIGINT. Não existem explicações oficiais sobre a função que desempenha. Alguns estudiosos da área afirmam que serve para a interceptação mundial de telecomunicações (internetfaxtelemóvel) encabeçado pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, com a colaboração de agências governamentais de outros países (Reino UnidoAustráliaCanadáNova Zelândia), para analisar as comunicações a nível mundial, com o objectivo de procurar mensagens que representem ameaças à segurança mundial. Há também indícios de que o sistema tenha sido usado para a prática de espionagem comercial.

O sistema foi estabelecido , após a Segunda Guerra Mundial, no âmbito do que é conhecido como -UKUSA Agreement ("Acordo Reino Unido-Estados Unidos") e é administrado conjuntamente pelos serviços de informação dos estados membros do Acordo, a saber:
  • NSA (National Security Agency) dos Estados Unidos, o principal contribuinte e utilizador;
  • GCHQ (Government Communications Headquarters) do Reino Unido;
  • CSTC (Centre de la sécurité des télécommunications Canada);
  • DSD (Defence Signals Directorate) da Austrália;
  • GCSB (Government Communications Security Bureau) da Nova Zelândia.
Embora o Echelon tenha sido originalmente concebido como uma rede de espionagem internacional, já em 1999 os membros do Congresso dos Estados Unidos discutiam a possibilidade de que o sistema pudesse ser usado também para espionar os cidadãos americanos. 
No final de janeiro de 2006, a Electronic Frontier Foundation, uma entidade ligada à defesa das liberdades no mundo digital, iniciou uma ação judicial contra a operadora telefônica norte-americana AT&T, por sua suposta colaboração com o Echelon  .

Aqueles que não têm dúvidas sobre a existência do Echelon afirmam que tudo o que se fala pelo telefone ou que se transmite pela Internet ou por fax, é controla­do, em tempo integral, via satélite, pelo Sistema Echelon - uma sofisticada máquina cibernética de espionagem, cria­da e mantida pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, com a participação direta do Reino Unido, do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia.

Com suas atividades iniciadas nos anos 1980, o Echelon teria, como embrião histórico, o UKUSA Agreement, firmado secretamente pela Grã-Bretanha e pelos EUA, no início daGuerra Fria.

Destinado à recolha e troca de informações, o Pacto Reino Unido-Estados Unidos resultou, nos anos 1970, na instalação de estações de rastrea­mento de mensagens enviadas desde e para a Terra por satélites das redes Intelsat (International Telecommunica­tions Satellite Organisation) e Inmarsat. Outros satélites de observação foram enviados ao es­paço para a escuta das ondas de rádio, de celulares e para o registro de mensagens de correio eletrônico.

No Reino Unido, o órgão governamental associa­do à NSA é a GCHQ (Government Communications Headquarters, o serviço de informações britânico). A maior base eletrônica de espionagem no mundo é a Field Station F83 da NSA. A estação está situada em Menwith HillYorkshire, na Grã-Bretanha.

Além disso, já sob o guarda-chuva do Echelon, seriam cap­tadas as mensagens de telecomunicações, inclusive de ca­bos submarinos e da rede mundial de computadores, a Internet. Em linguagem técnica, o objetivo dessa rede seria captar sinais de inteligência, conhecidos como SIGINT.
O segredo tecnológico do Echelon consiste na interco­nexão de todos os sistemas de escuta. A massa de infor­mações é espetacular e, para ser tratada, requer uma tria­gem pelos serviços de espionagem dos países envolvidos, por meio de instrumentos da inteligência artificial.

"A chave da interpretação", segundo o jornalista neozelandês Nicky Hager, "reside em poderosos computadores que perscrutam e analisam a massa de mensagens para delas extraírem aquelas que apresentam algum interesse. As estações de interceptação recebem milhões de mensa­gens destinadas às estações terrestres credenciadas e utili­zam computadores para decifrar as informações que con­têm endereços ou textos baseados em palavras-chave pré-programadas".


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