sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Já 30% maior, preço da erva-mate deve subir ainda mais até o final do ano.

 

Quilo do produto deve passar de R$ 10 para R$ 12, segundo o setor. 
Aumento é causado pela falta de matéria-prima para as indústrias.

Do G1 RS
Um hábito dos gaúchos pode ficar ainda mais caro nos próximos meses. Desde o início do ano, o quilo da erva-mate já subiu 30%. O risco de falta de produto para o chimarrão levou o quilo da folha verde valer tanto quanto o litro do petróleo. E o aumento não deve parar por aí.

O aumento do preço da erva-mate fez muitos produtores investirem na planta. É o caso de Caetano Fortunati, de Machadinho, no Norte do estado. Nos últimos anos, a soja perdeu espaço na propriedade ele e deu lugar a sete hectares plantados com erva-mate.
Até o produtor foi surpreendido pela valorização no valor pago pela arroba com 15 quilos. “Comecei a plantar erva-mate e o pessoal me chamava de louco. Tem que plantar soja, milho. Mas plantei erva-mate e hoje estou contente com a atividade”, comemora Caetano.
O produtor apostou na erva-mate cambona 4. Em Machadinho, a área plantada com a variedade ocupa 170 hectares. As folhas padronizadas e de sabor mais suave também rendem mais produtividade por hectare, além de serem muito valorizadas pela indústria.
Hoje, o produtor recebe R$ 25 reais pela arroba. Há um ano, o valor era de R$ 6. O aumento foi de 400%. A valorização foi tanta que o quilo da folha verde vale tanto quanto o litro do petróleo, cerca de R$ 1,65. 
A explicação para o fenômeno é simples: a área total plantada com a cultura reduziu 10 mil hectares nos últimos 10 anos no Rio Grande do Sul. Enquanto isso, as exportações cresceram: a erva-mate brasileira é exportada para 30 países.
Este ano, a safra da erva-mate está chegando ao fim. Nas indústrias, os estoques estão baixos. A previsão é de que o produto comece a faltar nas prateleiras dos supermercados a partir de outubro.
Nas indústrias, os contratos que eram fechados com a cotação mensal, agora usam o preço semanal. Os pedidos são fechados apenas a curto prazo. O preço para o produtor pode subir mais nas próximas semanas.
“A gente vê aí que provavelmente vai ter indústria que vai fechar por falta de matéria-prima. Já há indústria com bem menos recebimento de erva”, conta o gerente de indústria Altair Ruffato.
De acordo com o Sindicato da Indústria de Mate do Rio Grande do Sul (Sindimate), está é a crise mais grave no setor nos últimos 20 anos. Para tentar frear o aumento, as indústrias pedem a redução da carga tributária.
“(Queremos que) o governo nos auxilie colocando alíquota zero do PIS e do Cofins para erva-mate como tem em inúmeros produtos. E pedimos aos supermercados e atacadistas que também entendem a situação e reduzam um pouco os lucros”, diz o vice-presidente do Sindimate, Moacir João Tormem.
Novos ervais começaram a ser plantados no estado, mas só devem suprir a necessidade do mercado daqui a cinco anos. No fim das contas, quem paga mais é o consumidor: o quilo que hoje é vendido por R$ 10 reais deve chegar a R$ 12 até o fim do ano.

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