segunda-feira, 14 de abril de 2014

Dilma defende Petrobras e promete combate à corrupção na estatal



14 Abr (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff fez uma defesa enfática da Petrobras nesta segunda-feira e prometeu combater "com rigor" qualquer ato de corrupção envolvendo a petroleira, em um momento em que paira a ameaça de instalação de uma CPI para investigar a estatal.
Em discurso contundente a favor da empresa atingida por denúncias que podem resultar na criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso, Dilma afirmou que os dados da Petrobras têm sido "manipulados" para proveito político.
"Como presidenta, mas sobretudo como brasileira, eu defenderei em quaisquer circunstâncias e com todas as minhas forças a Petrobras", disse em cerimônia de batismo e viagem inaugural de navios petroleiros em Ipojuca (PE).
"Mas, igualmente, não ouvirei calada a campanha negativa dos que, por proveito político, não hesitam em ferir a imagem desta empresa", disse.
A oposição tenta emplacar uma CPI para investigar denúncias de suposto superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos; suspeitas de pagamento de propina a funcionários da Petrobras por uma empresa holandesa; e de ativação de plataformas de exploração de petróleo sem todas as condições de segurança, entre outros pontos.
"Não transigirei em combater todo tipo de mal-feito, ação criminosa, tráfico de influência, corrupção ou ilícito de qualquer espécie, seja ele cometido por quem quer que seja", prometeu a presidente no evento desta segunda.
Dilma destacou ainda que órgãos de investigação e fiscalização, como a Polícia Federal (PF), e a Controladoria Geral da União (CGU), estarão "sempre atentos" para apurar denúncias contra a empresa.
Esta não é a primeira vez que a presidente se manifesta sobre o assunto desde que as denúncias sobre a estatal voltaram à tona. Em meados de março Dilma divulgou nota informando que a decisão de compra da refinaria de Pasadena foi tomada com base em documento "técnica e juridicamente falho" e que se soubesse de todas as cláusulas do contrato não teria autorizado a operação.
Nesta segunda, num tom mais enfático, recorreu à história da estatal -citando, inclusive a possibilidade de privatização da empresa, motivo de críticas ao governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB)- para afirmar que a Petrobras foi reerguida por seu governo e o de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dilma fez ainda um discurso a favor do regime de partilha aprovado pelo Congresso Nacional para ser aplicado na exploração do petróleo na camada do pré-sal.
O novo modelo de exploração exige que a Petrobras seja operadora dos campos de petróleo, com no mínimo 30 por cento de participação na exploração. Para a presidente, o regime fortalecerá a estatal no médio prazo em "níveis jamais alcançados".
Dilma disse também que estão errados os que apontam para uma desvolarização e perda de importância da Petrobras, afirmando que haveria uma deliberada distorção de informações conjunturais de mercado, com o objetivo de denegrir a imagem da empresa.
"Manipulam dados, distorcem análises, desconhecem deliberadamente a realidade do mercado mundial de petróleo para transformar eventuais problemas conjunturais de mercado em supostos fatos irreversíveis e definitivos", disse a presidente.
Dilma ressaltou o valor de mercado da Petrobras, apesar da crise internacional e de questões conjunturais, para defender a estatal. O valor da empresa chega a 197,4 bilhões de reais de acordo com dados da Thomson Reuters, embora a presidente tenha afirmado, em seu discurso, que esse valor correspondia a 98 bilhões de reais.
CAMPO POLÍTICO
Durante o evento desta segunda em Pernambuco, Estado que foi governado por Eduardo Campos (PSB), pré-candidato à Presidência nas eleições de outubro, Dilma aproveitou para citar outros investimentos federais na região e disse olhar "de forma especial" para os Estados do Nordeste.
O ex-governador de Pernambuco oficializou nesta segunda-feira a candidatura à Presidência da República pelo PSB, com a ex-senadora Marina Silva como candidata a vice-presidente, com vistas a capitalizar parte dos cerca de 20 milhões de votos obtidos por Marina na eleição presidencial de 2010.
A presidente disse "ter orgulho" da atuação do governo Federal nas obras do Porto de Suape, de estaleiros e da refinaria de Abreu e Lima, além de incentivos tributários e financiamento para a implantação de indústria automobilística na região.
"Nós temos...uma diretriz muito clara", disse a presidente durante a cerimônia. "Nós apoiamos todos os Estados da federação, mas olhamos de forma especial para os Estados do Nordeste. Porque ao longo da história, o Nordeste sempre foi relegado a um segundo plano", afirmou.
(Por Maria Carolina Marcello)

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