A NSA foi criada em 1952 por meio de um decreto secreto do presidente Harry Truman para cuidar de espionagem e contra-espionagem, dentro e fora dos Estados Unidos. Seu organograma (conhecido publicamente, pela primeira vez, em 18 de dezembro de 1998, graças à lei conhecida como Freedom Information Act), demonstra que seus serviços cobrem praticamente todo o universo das tecnologias da informação.
Com base nessa massa crítica, os EUA adiantaram-se no tempo para assegurar sua hegemonia mundial no século 21. Em novembro de 1997, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea norte-americana fez palestra na Câmara de Representantes, em Washington e afirmou: “No primeiro trimestre do próximo século, seremos capazes de localizar, seguir e mirar — praticamente em tempo real — qualquer alvo importante em movimento, na superfície da Terra".
Ao refletir sobre o que chama de televigilância global, o filósofo e urbanista francês Paul Virilio afirma que o fenômeno histórico que leva à mundialização exige cada vez mais luz, cada vez mais iluminação. E assim que se desenvolve hoje uma televigilância global que não reconhece qualquer premissa ética ou diplomática.
A atual globalização das atividades internacionais torna indispensável uma visão ciclópica ou, mais precisamente, uma visão cyber-ótica... Com essa dominação do ponto de vista orbital, o lançamento de uma infinidade de satélites de observação tende a favorecer a visão globalitária. Para “dirigir” a vida, não mais se trata de observar o que acontece diante de si. A dimensão zenital prevalece, de longe ou mais alto, sobre a horizontal e não se trata de um assunto de pouca importância porque o “ponto de vista de Sirius” apaga toda perspectiva”. (em Le Monde Diplomatique, agosto de 1999, pgs.4e 5).
Echelon
é o nome pelo qual é mais conhecido um projeto secreto de SIGINT. Não existem explicações oficiais sobre a função que desempenha. Alguns estudiosos da área afirmam que serve para a interceptação mundial de telecomunicações (internet, fax, telemóvel) encabeçado pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, com a colaboração de agências governamentais de outros países (Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia), para analisar as comunicações a nível mundial, com o objectivo de procurar mensagens que representem ameaças à segurança mundial. Há também indícios de que o sistema tenha sido usado para a prática de espionagem comercial.
O sistema foi estabelecido , após a Segunda Guerra Mundial, no âmbito do que é conhecido como -UKUSA Agreement ("Acordo Reino Unido-Estados Unidos") e é administrado conjuntamente pelos serviços de informação dos estados membros do Acordo, a saber:
- NSA (National Security Agency) dos Estados Unidos, o principal contribuinte e utilizador;
- GCHQ (Government Communications Headquarters) do Reino Unido;
- CSTC (Centre de la sécurité des télécommunications Canada);
- DSD (Defence Signals Directorate) da Austrália;
- GCSB (Government Communications Security Bureau) da Nova Zelândia.
Embora o Echelon tenha sido originalmente concebido como uma rede de espionagem internacional, já em 1999 os membros do Congresso dos Estados Unidos discutiam a possibilidade de que o sistema pudesse ser usado também para espionar os cidadãos americanos.
No final de janeiro de 2006, a Electronic Frontier Foundation, uma entidade ligada à defesa das liberdades no mundo digital, iniciou uma ação judicial contra a operadora telefônica norte-americana AT&T, por sua suposta colaboração com o Echelon .
Aqueles que não têm dúvidas sobre a existência do Echelon afirmam que tudo o que se fala pelo telefone ou que se transmite pela Internet ou por fax, é controlado, em tempo integral, via satélite, pelo Sistema Echelon - uma sofisticada máquina cibernética de espionagem, criada e mantida pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, com a participação direta do Reino Unido, do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia.
Com suas atividades iniciadas nos anos 1980, o Echelon teria, como embrião histórico, o UKUSA Agreement, firmado secretamente pela Grã-Bretanha e pelos EUA, no início daGuerra Fria.
Destinado à recolha e troca de informações, o Pacto Reino Unido-Estados Unidos resultou, nos anos 1970, na instalação de estações de rastreamento de mensagens enviadas desde e para a Terra por satélites das redes Intelsat (International Telecommunications Satellite Organisation) e Inmarsat. Outros satélites de observação foram enviados ao espaço para a escuta das ondas de rádio, de celulares e para o registro de mensagens de correio eletrônico.
No Reino Unido, o órgão governamental associado à NSA é a GCHQ (Government Communications Headquarters, o serviço de informações britânico). A maior base eletrônica de espionagem no mundo é a Field Station F83 da NSA. A estação está situada em Menwith Hill, Yorkshire, na Grã-Bretanha.
Além disso, já sob o guarda-chuva do Echelon, seriam captadas as mensagens de telecomunicações, inclusive de cabos submarinos e da rede mundial de computadores, a Internet. Em linguagem técnica, o objetivo dessa rede seria captar sinais de inteligência, conhecidos como SIGINT.
O segredo tecnológico do Echelon consiste na interconexão de todos os sistemas de escuta. A massa de informações é espetacular e, para ser tratada, requer uma triagem pelos serviços de espionagem dos países envolvidos, por meio de instrumentos da inteligência artificial.
"A chave da interpretação", segundo o jornalista neozelandês Nicky Hager, "reside em poderosos computadores que perscrutam e analisam a massa de mensagens para delas extraírem aquelas que apresentam algum interesse. As estações de interceptação recebem milhões de mensagens destinadas às estações terrestres credenciadas e utilizam computadores para decifrar as informações que contêm endereços ou textos baseados em palavras-chave pré-programadas".
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